A Praça do Coreto, como é popularmente conhecida, também possui outras denominações, que são utilizadas por diferentes pessoas (ou grupo de pessoas) e motivações.
Percebemos que essa denominação pode se modificar em razão da ligação da pessoa com o lugar. Por exemplo, os mais antigos, costumam chamar afetivamente o lugar, mesmo modificado, por nomes que remetem à existência da Capela de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, como "Largo da Igreja de Nossa Senhora do Rosário", "Largo do Rosário Velho" ou até "Praça do Rosário".
Os turistas, por sua vez, costumam chamar o lugar, também de forma afetiva, de "Praça da Feirinha", em razão da Feira das Artes, que ocupa o espaço aos finais de semana.
Há também a denominação "Larguinho", que costuma ser utilizada afetivamente por pirenopolinos que, quando crianças ou adolescentes, brincavam em um campinho de futebol que ocupou o lugar onde atualmente se encontra a Praça.
Por fim, há denominações vindas de instituições: a associação dos artesãos que expõem na Feira das Artes é denominada de Associação dos Artesãos da Praça das Artes de Pirenópolis - APAP, por exemplo.
Além disso, você sabia que o nome oficial da Praça do Coreto é Praça Coronel Chico de Sá? Logo abaixo você pode conhecer um pouco mais sobre a história do homenageado.
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Como registramos, a Praça foi oficialmente batizada de Praça Coronel Chico de Sá, por meio da Lei Municipal nº 561/06, mas quem foi esse Coronel?
Francisco José de Sá (Chico de Sá) nasceu escravo no dia 29 de janeiro de 1861. Foi alforriado na oportunidade de seu batismo, em 21 de abril do ano de seu nascimento (Conforme Jayme (1983) seu batismo foi registrado no Livro de Registro de Batismos da Matriz (1857-1867, às fls. 63).
A alforria de Chico de Sá foi paga por seu pai, José Joaquim de Sá, na quantia de 32 oitavas de ouro, equivalente a 128 gramas. Chico foi levado para a casa de seu pai e criado em conjunto com sua madrasta, Ana Abadia Silvina de Campos. Sua mãe permaneceu escrava até 05 de setembro de 1869, mais de oito anos após seu nascimento.
Francisco José de Sá ou Chico de Sá é filho de Joana Inácia Guerra, libertada em 05 de setembro 1869, mais de oito anos depois de seu nascimento.
Com boas relações sociais, foi vereador durante quase cinquenta anos, especialmente em razão do eleitorado rural de Pirenópolis. Também foi Imperador da Festa do Divino por três anos: 1917, 1933 e 1937, sendo o primeiro ano de sua participação considerado "a maior de que se tem notícia", com muita fartura de empadões, pastéis, doces e vinho para os pirenopolinos.
Chico de Sá era frequentador da Capela de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (como podemos notar do causo abaixo) e sua casa se localizava na esquina do largo da igreja com a Rua do Rosário, onde atualmente há uma pousada.
Morreu em 07 de novembro de 1938, antes da demolição da Capela. Na época era o maior proprietário de joias, títulos de dívidas, bens urbanos e rurais da região, sendo considerado um dos homens mais ricos da cidade.
"[...] A grande casa do coronel Chico de Sá, ainda existente, embora sem o esplendor doutros tempos, situa-se na esquina do largo da igreja com a Rua do Rosário. A entrada principal sempre foi a da Rua do Rosário.
Um pouco antes das 9 horas, o Coronel saíu de casa para a igreja. Na porta do Santuário grande massa humana, banda de música etc... O coronel dirigiu-se para um grupo de amigos, em animada conversa. Entre estes estava o primo Alexandre de Sá, conhecido boêmio [...]
No correr da prosa, Alexandre resolveu fazer uma gracinha, à custa do primo:
- Chico, você não tem inveja desse meu pitote no cabelo?
[...]
As atenções voltaram-se para ele. E a resposta veio logo...
O coronel Sá tirou do bolso trazeiro da calça a bojuda carteira, cheia de pelegas de 500$000 e 1:000$000. Abriu-a ante os olhos dos presentes e deu o troco ao primo Alexandre:
- E vo...você não tem in...inveja disso a...a...aqui?" (JAYME, 1983, p. 378)
FOTOGRAFIA DA PLACA DA PRAÇA CORONEL CHICO DE SÁ
Acervo pessoal - Victor H. Fernandes e Oliveira (2021)
TEXTO E FOTOGRAFIA DE CHICO DE SÁ
JAYME, José Sisenando. Pirenópolis (Humorismo e Folclore). Pirenópolis, 1983.
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