[...] eu sofri muito preconceito pela minha cor né? Porque aqui ainda continua ainda, eles falam que acabou, mas não acabou nada, e aí eu e mais duas colega, nós estudava no grupo escolar, nós era na última carteira que nós sentava, separado. Porque o grupo escolar era de meninas ricas e pobres, porque o colégio ainda não tava funcionando, então lá nesse grupo escolar, lá na Rua Santa Cruz, que tem uma cruz assim na frente, que servia de grupo [...]. Então não tinha jeito, aí misturava pobre com rico. [....] Então nós sentava as três separado. Na hora do recreio, todas as meninas brincavam com boneca, eles davam boneca, lanche e a professora dava uma corda pra nós bater a corda e pular. Você já viu essa brincadeira? (Marieta de Sousa Amaral., em 26/11/2021)
[...] Então tem que ter isso, tem que ser falado principalmente pra essa geração que tá vindo pra que isso não seja repetido, pra que isso não aconteça dentro das escolas, porque isso acontece dentro das escolas. Eu tenho minha filha que já sofreu racismo dentro da escola de Pirenópolis. Então, então que isso não aconteça mais e que as pessoas tenham orgulho da descendência delas, seja negra, seja indígena [...] Você tem traços negroides, você não quer saber sobre a cultura, sobre a cultura de onde que você veio? (G. T. F. G, em 29/11/2021)
"Pirenópolis é uma cidade racista, não posso deixar de negar isso, sabe? E tanto é que, eu como negra, a gente tem as estratégias, né? De como entrar, de como sair, o olhar do incauto e o corpo fala, a gente já percebe, e com isso tem que ter muita sabedoria pra você não ter atrito, né? Porque a possessividade, o poder sobre o outro, isso ainda permanece. E do outro lado, que é o nosso lado, na nossa negritude, a cicatriz fala muito forte, sabe? [....]" (A. B. A. S, em 01/12/2021)
"Hoje existem outras manifestações como o maracatu, do qual participo, trazido por moradores de fora, mas que vem marcar espaço como forma de resistência da cultura negra ofuscada na cidade. inclusive ja fizemos apresentações no coreto. Creio que revitalizar a praça do coreto, assim como o apoio mais direto a Congada, a Banda de Couro" (I. M. R. V, em 12/11/2021)
A impressão que tenho é que todas as informações referentes aos negros que viveram na cidade no período colonial se relacionam a escravidão, resumindo todos esses a personagens pouco importantes na história da cidade. O que claramente é um apagamento cultural [...] (T. C. O. R, em 24/06/2021).
Considerando o histórico escravocrata da cidade, percebo o quanto o turismo mercadológico tão inflado da cidade apaga essas nuances tão importantes para Pirenópolis. Tanto por parte dos visitantes, quanto pelos agentes preservacionistas, que dificilmente (não sei se de fato orientam a população sobre tal tema) propagam em suas ações meios de enaltecer e afirmar tal parte histórica dentro do cotidiano local. [...] (V. A. S, em 21/06/2021).
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